sábado, 2 de junho de 2012

NigUmConto #02 - A Barata e a Batata do Baraka mais Babaca do Bairro: O Barakatata

Eaí meus Queridos. O NigUmConto #02 tá no ar! Ííuhúú!  E o Texto de hoje é intitulado: O Barakatata. Este Conto só será uma comédia se você não ler. Então! Bôra Lê!
A Barata e a Batata do Baraka mais Babaca do Bairro
O Barakatata


Rrrrrggggrrrrrrr – seu estômago tocou o aviso. — Estou com fome. – disse ele. — Mãeeeee! Vai fazer o que pra janta? – Deu um berro na beira da escada.
— Filhooo! – gritou lá de baixo. — Sua mãe vai sair pra jantar fora com a família da Ruth, lembra?
— Há ta! — devolveu o grito. — E tem o que pra mim jantar? – Voltou a exercitar.
— Nada! — apareceu no corrimão da escada. — Tem um monte de coisa pra fazer e é você mesmo que vai fazer filho. Fica aí malhando e não me escutaaa! – Teve que berrar com seu filho, pois ele fazia apoios no corredor escutando nos fones de ouvido.
— Filhooo! – Exagerou no grito.
O gurizão se ergueu rapidamente um pouco exasperado e suado com sua roupa de treino.
— Vê se faz alguma coisa pra você, à geladeira ta cheia. Ouviu! – Fez cara de mãe mandona.
— Ta mãe. – Respondeu paciente.
— E vê se come. E... para de ficar malhando por todos cantos da casa. – disse ela. — Que coisa....e...
— Ta mãe. – Rapidamente respondeu.
— E vê se come! E come direito e...nada de pedir tele-entrega. Escutou? – A voz se impôs.
— Ta mãe. – respondeu. — E tem o que pra come direito? – Perguntou com as mãos na cintura.
— Aham...você quer ficar...assim – fez auto-exame de mãe - jovem e forte não é? Invés de carne, bacon, presunto e...carne e... essas coisas. Come massa, pão, ovo, batata. Deixa de lado esse seu gosto de carne um pouco. Oh! Tem tudo isso na geladeira viu! – Dada a orientação a mãe retornou de passadas curtas de onde o apito da maquina de sacar soou.
— Ta mãe. – Murmurou objetando em partes com os dizeres de sua mãe e virou-se na direção do seu quarto.
— Há! – a mãe voltou. — Vou chegar lá pelas 11:00hs (noite). Espera até eu chegar antes de sair.
— Ta mãe. – respondeu. — Já ta indo? – Perguntou.
— Sim. Daqui 20min seu pai chega da escola com sua irmã pra irmos. Te aviso antes de sair. – Entrou por entre as arestas da sala de jantar.
O som da TV tava alto. O canal de MMA de preferência. O último alongamento, e sua mãe apareceu, vestida, toda arrumada para sair.
— Já disse pra bater antes de entrar mãe. - Falou pacientemente com a mãe, como tantas outras vezes, já sem os fones nas orelhas.
— Você que não escuta com esse volume todo. – disse ela. — O pai chegou. Tchau. Beijos. – A mãe se despediu.
O banho foi rápido. A cozinha parecia um mostro das furnas.
As panelas eram para ele como poços artesianos em cima do armário. Devolveu-as em seus lugares. A geladeira, uma câmara fria, mas sem carne a vista. Era como uma câmara que precisava ser explorada, mas não tinha se quer carne, presunto, bacon, tomate e nada vibrante em vermelho de seu desejo.
Rrrrrggggrrrrrrr — Estou com fome. – Murmurou indo direto para os armários ao lado, coçando a cabeça raspada com tics dele próprio.
— Aham. Tem pão. Massa. Salgadinho. E...arroz, feijão. – dizia ele abrindo porta por porta. — Eu não vou cozinhar feijão. Nem arroz. Seria bom ter carne.
O tamanho da geladeira não dizia vazia”, mas não tinha nada do que ele queria. Seus olhos foram para um lado, e ali estava a fritadeira elétrica prontinha e lhe chamando para usar. Não pensou duas vezes. — Fritas! – Deu água na boca.
Tudo pronto e ligado. Só ligada. — Falta óleo. – já estava procurando. — E falta batata. – Tudo na mesa. — Nem tudo pronto. Falta cortar as batatas é lógico.
Procurando pelo descascador e o fatiador de batatas. Nada estava a vista. A fritadeira elétrica até saía fios de calor. A solução era descascar e cortar com a faca para deixar em palitos. Sua primeira vez nisso. Sua primeira vez na cozinha. Sua primeira sendo mestre-cuca”.
Rrrrrggggrrrrrrr — E agora e agora. – A faca não parecia tão afiada e já estava usando a terceira. Desta vez era uma faca de cortar pão, ou do tipo. E falando em pão, que este, se situava ao lado de um queijo suculento e amarelado, junto e bem ao lado, à tabua onde o salame em cortes semi-verticais, chamou sua atenção e fez roer o estômago para um tira gosto rápido.
Ah! – Saltou os olhos surpresos com o susto. O bicho subia em suas mãos com facilidade. Era pequena e rápida, seus olhos não o acompanhava. — Cadê - cadê. - Segurava a faca de tamanho médio em cerras de cortar pão que chegava às pontas das unhas cravarem em sua pele.
O objeto preto foi rápido e ele raspava a mesa para pegá-la. O queijo caiu e rolou. — Cadê, cadê. – Ele apareceu novamente no balcão, e errou a tentativa. Tentativa essa, que fazia como estivesse picando ou martelando um prego, e a barata, sairia de cena. — Onde ela está? – Perguntou-se.
Seus olhos apurados e com a faca na mão. Seus passos e movimentos eram de um lado para outro. Ao retirar o cacho de banana, o susto, e o golpe instintivo foi sem resultado. A barata estava indo, estava indo e foi até chegar à fritadeira elétrica e voltar. Ali ele tentou.
A faca cravou na madeira espessa do armário sob medida e ele tentou retirar com rapidez. Só que, com a raiva e o esforço até agora tentando matar a barata, sua mão resvalou no cabo que já era liso. O susto e o instinto o fez pegar e puxar com mais raiva.
Vermelho era pouco perto de um tomate maduro. E a barata? Imóvel em um dos cantos paradinha, paradinha sobre o mesmo lado do balcão. Bem ali, e ele encarando. A barata parada, e ele olhando. A barata parada, e ele encarando. A barata foi e ele... descuidou-se do tapete do chão sendo pisoteado.
Tropeçou e espatifou com as duas mãos na fritadeira elétrica, uma mão queimou e a outra, que segurava a faca de pão, arrancou e cortou os fios do objeto. As faíscas eram inevitáveis e o pequeno fogo surgiu nas madeiras que fechava atrás. E nos lados. E em baixo. E depois em cima.
— Meu deus. E agora, e agora. O que eu faço? – A cara de preocupação chegava ser engraçada. Seu tic de coçar a cabeça começou e... o chuveirinho de alerta de incêndio iniciou. A luzinha vermelha do corredor ele viu.
Barulhos na porta e a companhia alertando duas vezes. Aos tropeços ele foi até ao encontro. A porta parecia longe até se esquecer que tava aberta. Dois, não, são três bombeiros do bairro. Sorte que o corpo de bombeiros do bairro funciona. O alerta de incêndio era como se fosse particular. Era para isso mesmo. — Bom que funciona.   
— Para trás meu jovem. Para trás. – Falou um dos homens com um extintor na mão.
— Fique na porta. Bob. – Outro bombeiro segurando a mangueira de incêndio entrara tão rápido que já vinha jorrando água.
Dois, três minutos no máximo foi o tempo que os três bombeiros recolheram a mangueira e um deles tirava o seu capacete protetor para falar com o gurizão meio assustado e ainda vermelho. De vergonha. De raiva.
— Bob – seu gesto de confiança. — Meu jovem Bob. Tudo está normalizado. Você está bem? – Quis saber dele. O rapaz esse, que já o conhecia de muito tempo.
— Sim. Estou bem Senhor Walter. - Respondeu envergonhado.
— Bem mesmo? – Insistiu na pergunta olhando-o meio cabisbaixo, mas cabisbaixo foi só para olhar o tapete da sala e ficar pensando no outro no qual ele tropeçou.
— Se eu aguentar ninguém dizendo por 10 dias pelo bairro – enfim disse ele — Vou me sentir melhor.
— Ta. Ta tudo bem. – disse Walter brevemente em voz grave. — Bom. Só foi um susto Bob, nada que não pode ser resolvido. Não foi muito, mas... fogo é fogo. Eu ligo mais tarde pro teus pais Bob. Garanto que eles já estão vindo. - respirou e tossiu para o lado em seu rosto suado em sua pele morena envolvida em sulcos de experiência nessa vida. Voltou a concluir.
— Aham...fique aqui na sala e não vá na cozinha até eles chegarem. – ele suspirou. — É bom saber que esses alarmes funcionam não acha? – demonstrou seu gesto confiante para o garoto. — Daqui a pouco o pessoal do seguro já vão estar aqui, então... Boa noite Bob. – Despediu-se e o Bob lhe retribuiu e agradeceu.
 O olhar para rua era nada bom. As luzes de duas viaturas encostando, piscavam de emoção para os meninos da vizinhança. O trio das tias fofas cochichavam. O barulho da porta lhe acordou para a realidade olhando para a casa. Metade da cozinha em cascas de carvão molhado. Era pouco. Agora é só esperar pela família e rezar.
— Vai ser um banho de água gelada quando eles virem isso. – Seu pensamento era só nisso. A mijada vai ser fria e não quente. — Se eles vão querer saber, eu vou ter que mentir. Uma barata? Fala sério!
— Bom. – suspirou com as mãos na cintura — To vendo que não vou sair. Vamos ver se dá tempo de pedir um bauru.
Fim

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