Eaí meus
Queridos. O NigUmConto #02 tá no ar! Ííuhúú! E o Texto de
hoje é intitulado: O Barakatata.
Este Conto só será uma comédia se você não ler. Então! Bôra Lê!
A Barata e a Batata
do Baraka mais Babaca do Bairro
O Barakatata
Rrrrrggggrrrrrrr – seu estômago
tocou o aviso. — Estou com fome. – disse ele. — Mãeeeee! Vai fazer o que pra
janta? – Deu um berro na beira da escada.
— Filhooo! – gritou lá de baixo. — Sua
mãe vai sair pra jantar fora com a família da Ruth, lembra?
— Há ta! — devolveu o grito. — E tem o
que pra mim jantar? – Voltou a exercitar.
— Nada! — apareceu no corrimão da
escada. — Tem um monte de coisa pra fazer e é você mesmo que vai fazer filho.
Fica aí malhando e não me escutaaa! – Teve que berrar com seu filho, pois ele fazia
apoios no corredor escutando nos fones de ouvido.
— Filhooo! – Exagerou no grito.
O gurizão se ergueu rapidamente um
pouco exasperado e suado com sua roupa de treino.
— Vê se faz alguma coisa pra você, à
geladeira ta cheia. Ouviu! – Fez cara de mãe mandona.
— Ta mãe. – Respondeu paciente.
— E vê se come. E... para de ficar
malhando por todos cantos da casa. – disse ela. — Que coisa....e...
— Ta mãe. – Rapidamente respondeu.
— E vê se come! E come direito e...nada
de pedir tele-entrega. Escutou? – A voz se impôs.
— Ta mãe. – respondeu. — E tem o que
pra come direito? – Perguntou com as mãos na cintura.
— Aham...você quer ficar...assim – fez
auto-exame de mãe - jovem e forte não é? Invés de carne, bacon, presunto
e...carne e... essas coisas. Come massa, pão, ovo, batata. Deixa de lado esse
seu gosto de carne um pouco. Oh! Tem tudo isso na geladeira viu! – Dada a
orientação a mãe retornou de passadas curtas de onde o apito da maquina de
sacar soou.
— Ta mãe. – Murmurou objetando em partes
com os dizeres de sua mãe e virou-se na direção do seu quarto.
— Há! – a mãe voltou. — Vou chegar lá
pelas 11:00hs (noite). Espera até eu chegar antes de sair.
— Ta mãe. – respondeu. — Já ta indo? –
Perguntou.
— Sim. Daqui 20min seu pai chega da
escola com sua irmã pra irmos. Te aviso antes de sair. – Entrou por entre as
arestas da sala de jantar.
O som da TV tava alto. O canal de MMA
de preferência. O último alongamento, e sua mãe apareceu, vestida, toda
arrumada para sair.
— Já disse pra bater antes de entrar
mãe. - Falou pacientemente com a mãe, como tantas outras vezes, já sem os fones
nas orelhas.
— Você que não escuta com esse volume
todo. – disse ela. — O pai chegou. Tchau. Beijos. – A mãe se despediu.
O banho foi rápido. A cozinha parecia
um mostro das furnas.
As panelas eram para ele como poços
artesianos em cima do armário. Devolveu-as em seus lugares. A geladeira, uma
câmara fria, mas sem carne a vista. Era como uma câmara que precisava ser
explorada, mas não tinha se quer carne, presunto, bacon, tomate e nada vibrante
em vermelho de seu desejo.
Rrrrrggggrrrrrrr — Estou com fome. –
Murmurou indo direto para os armários ao lado, coçando a cabeça raspada com
tics dele próprio.
— Aham. Tem pão. Massa. Salgadinho.
E...arroz, feijão. – dizia ele abrindo porta por porta. — Eu não vou cozinhar
feijão. Nem arroz. Seria bom ter carne.
O tamanho da geladeira não dizia “vazia”, mas não tinha nada
do que ele queria. Seus olhos foram para um lado, e ali estava a fritadeira
elétrica prontinha e lhe chamando para usar. Não pensou duas vezes. — Fritas! –
Deu água na boca.
Tudo pronto e ligado. Só ligada. —
Falta óleo. – já estava procurando. — E falta batata. – Tudo
na mesa. — Nem tudo pronto. Falta cortar as batatas é lógico.
Procurando pelo descascador e o
fatiador de batatas. Nada estava a vista. A fritadeira elétrica até saía fios
de calor. A solução era descascar e cortar com a faca para deixar em palitos.
Sua primeira vez nisso. Sua primeira vez na cozinha. Sua primeira sendo “mestre-cuca”.
Rrrrrggggrrrrrrr — E agora e agora.
– A faca não parecia tão afiada e já estava usando a terceira. Desta vez
era uma faca de cortar pão, ou do tipo. E falando em pão, que este, se situava
ao lado de um queijo suculento e amarelado, junto e bem ao lado, à tabua onde o
salame em cortes semi-verticais, chamou sua atenção e fez roer o estômago para
um tira gosto rápido.
Ah! – Saltou os olhos
surpresos com o susto. O bicho subia em suas mãos com facilidade. Era pequena e
rápida, seus olhos não o acompanhava. — Cadê - cadê. - Segurava
a faca de tamanho médio em cerras de cortar pão que chegava às pontas das unhas
cravarem em sua pele.
O objeto preto foi rápido e ele raspava
a mesa para pegá-la. O queijo caiu e rolou. — Cadê, cadê. – Ele apareceu
novamente no balcão, e errou a tentativa. Tentativa essa, que fazia como
estivesse picando ou martelando um prego, e a barata, sairia de cena. —
Onde ela está? – Perguntou-se.
Seus olhos apurados e com a faca na
mão. Seus passos e movimentos eram de um lado para outro. Ao retirar o cacho de
banana, o susto, e o golpe instintivo foi sem resultado. A barata estava indo,
estava indo e foi até chegar à fritadeira elétrica e voltar. Ali ele tentou.
A faca cravou na madeira espessa do
armário sob medida e ele tentou retirar com rapidez. Só que, com a raiva e o
esforço até agora tentando matar a barata, sua mão resvalou no cabo que já era
liso. O susto e o instinto o fez pegar e puxar com mais raiva.
Vermelho era pouco perto de um tomate
maduro. E a barata? Imóvel em um dos cantos paradinha, paradinha sobre o mesmo
lado do balcão. Bem ali, e ele encarando. A barata parada, e ele olhando. A
barata parada, e ele encarando. A barata foi e ele... descuidou-se do tapete do
chão sendo pisoteado.
Tropeçou e espatifou com as duas mãos
na fritadeira elétrica, uma mão queimou e a outra, que segurava a faca de pão,
arrancou e cortou os fios do objeto. As faíscas eram inevitáveis e o pequeno
fogo surgiu nas madeiras que fechava atrás. E nos lados. E em baixo. E depois
em cima.
— Meu deus. E agora, e agora. O que eu
faço? – A cara de preocupação chegava ser engraçada. Seu tic de coçar a cabeça
começou e... o chuveirinho de alerta de incêndio iniciou. A luzinha vermelha do
corredor ele viu.
Barulhos na porta e a companhia
alertando duas vezes. Aos tropeços ele foi até ao encontro. A porta parecia
longe até se esquecer que tava aberta. Dois, não, são três bombeiros do bairro.
Sorte que o corpo de bombeiros do bairro funciona. O alerta de incêndio era
como se fosse particular. Era para isso mesmo. — Bom que funciona.
— Para trás meu jovem. Para trás. –
Falou um dos homens com um extintor na mão.
— Fique na porta. Bob. – Outro bombeiro
segurando a mangueira de incêndio entrara tão rápido que já vinha jorrando
água.
Dois, três minutos no máximo foi o
tempo que os três bombeiros recolheram a mangueira e um deles tirava o seu
capacete protetor para falar com o gurizão meio assustado e ainda vermelho. De
vergonha. De raiva.
— Bob – seu gesto de confiança. — Meu
jovem Bob. Tudo está normalizado. Você está bem? – Quis saber dele. O rapaz
esse, que já o conhecia de muito tempo.
— Sim. Estou bem Senhor Walter. -
Respondeu envergonhado.
— Bem mesmo? – Insistiu na pergunta
olhando-o meio cabisbaixo, mas cabisbaixo foi só para olhar o tapete da sala e
ficar pensando no outro no qual ele tropeçou.
— Se eu aguentar ninguém dizendo por 10
dias pelo bairro – enfim disse ele — Vou me sentir melhor.
— Ta. Ta tudo bem. – disse Walter
brevemente em voz grave. — Bom. Só foi um susto Bob, nada que não pode ser
resolvido. Não foi muito, mas... fogo é fogo. Eu ligo mais tarde pro teus pais
Bob. Garanto que eles já estão vindo. - respirou e tossiu para o lado em seu
rosto suado em sua pele morena envolvida em sulcos de experiência nessa vida.
Voltou a concluir.
— Aham...fique aqui na sala e não vá na
cozinha até eles chegarem. – ele suspirou. — É bom saber que esses alarmes
funcionam não acha? – demonstrou seu gesto confiante para o garoto. — Daqui a
pouco o pessoal do seguro já vão estar aqui, então... Boa noite Bob. –
Despediu-se e o Bob lhe retribuiu e agradeceu.
O olhar para rua era nada bom. As
luzes de duas viaturas encostando, piscavam de emoção para os meninos da
vizinhança. O trio das tias fofas cochichavam. O barulho da porta lhe acordou
para a realidade olhando para a casa. Metade da cozinha em cascas de carvão
molhado. Era pouco. Agora é só esperar pela família e rezar.
— Vai ser um banho de água
gelada quando eles virem isso. – Seu pensamento era só nisso. A mijada
vai ser fria e não quente. — Se eles vão querer saber, eu vou ter que
mentir. Uma barata? Fala sério!
— Bom. – suspirou com as mãos na
cintura — To vendo que não vou sair. Vamos ver se dá tempo de pedir um bauru.
Fim
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