AURORA
O Selo Órion
O Selo Órion
Capítulo
1
Não há pós...
Tsafon, Monte da
Congregação, incontáveis dias...
— Daqui adiante, seguirá
sozinho. - falou Nathanael. — Ou melhor. – corrigiu-se se adiantando. — Me
encontrará aqui de volta, meu amigo. Não poderei entrar nesta Casa. — Os olhos
difusos do atlante ao lado, estavam indagados pela situação.
— Vá! Deve-se caminhar
até ele. Esperarei aqui. – mostrou-lhe a mão para a escadaria de mármore
perante a figura altiva e virtuosa de Órion, aparentemente numa pontinha de
aflição, daquelas que dão friozinhos na barriga nos seres humanos, mas o Rei
Caído, nem chega a ser um deles.
— Nathanael – se
pronunciou o atlante disfarçando o seu intuito incômodo, por ver a conservadora
postura do ofanin mais alto do que ele, numa luz de pureza usando uma túnica
clara, única e magistralmente combinando com seus lindos fios de cabelos e
olhos dourados. — Agradeço pelo seu turismo. - quis dissolver numa brincadeira
e se pôs a andar, e subir os primeiros degraus. — Então, espere a volta
Nathanael. Não espere por esperar. - sua dissimulação fora forçada ao encarar o
topo coberto por névoas.
O Mais Puro, em seu
lívido ser, acompanhou num cruzar de braços a figura honrosa de seu amigo
passar pelos grossos arcos e pilares, e desaparecer rumo à alta Casa, o
Santuário do Alvorecer.
O vento ameno e a entrada
da alta Casa, transformava tudo tão gigantesco para ele, o Rei Caído, que
presenciava o absurdo diante dos seus olhos negros, tanto iguais de negridão,
como se eles fossem pérolas negras, daquelas dentro de conchas retiradas do
fundo de oceanos frios.
Sua feição amistosa não
escondia o quão surpreso o que estava contemplando. Estava no Santuário do
Altíssimo. O salão se agigantava mais dentro do que visto por fora. O chão de
mármore escuro nunca visto e nunca pisado por ele, dava um inigualável
sentimento nunca sentido antes. — Como? Como eu posso? Não era para eu estar
aqui. - ainda insistia em sua mente desde quando o Quinto arcanjo tinha lhe
dito há décadas. E esse dia era hoje. Estava no agora.
— hûm hûm hûm. - o riso
abafado e o os passos surgiram do além do vazio por entre os poucos pilares. —
Está abismado, meu caro irmãozinho! - surgiu à bem perto, ao lado dos tronos
divinos, eram sete, e o do meio, o maior de todos.
Uma aura com sua leveza.
O surgimento dessa aura
resplandecia incandescente e divina, pura de um traje muito elegante como
Nathanael, até a altura era a mesma, embora os adornos sejam em verde-broto. E
as asas? O arcanjo em penas brancas, mais parecia nuvens das montanhas pela má
iluminação e o elohim, como ouro escurecido. Mais saibam que a veracidade antes
permitia o uso delas nesta Casa.
Órion nada disse, e
acompanhava o trajeto da figura altiva vindo em sua direção. Atrás e nos lados,
o que via não passava de enormes e maciças paredes demarcadas, e brechas que se
sucediam em escuridão. E tudo corria até bem se seus olhos pudessem captar o
que acabara de se transformar. O salão tornou-se numa espécie de auditório, aos
lados estavam três fileiras de tronos em pedras retalhadas. Os sete tronos
divinos se engrandeceram como que muitos construtores a erguessem do mesmo
lugar e fizessem dois pedestais como parte delas, e o trono do meio, este, o
mais realçado.
— Rafael! Como eu posso
estar aqui? - atônito, finalmente o atlante perguntou. — Não posso imaginar,
isso. - As sobrancelhas se retraíram como a testa de uma pessoa que força as
vistas, não podendo enxergar algo nítido.
— Imaginar? Talvez. Mas
por quê? Isto sim, eu tenho que lhe responder, caro irmãozinho. - soou a voz
límpida como seu jeito de ser sublimemente.
Rafael segurava duas
taças de cristais vazias. Uma beleza elegante mais ao mesmo tempo, ambiciosa e
alegre andava a passos lentos. — Talvez isso não! Tenho perguntas antes,
Rafael. - seu pensamento transgredia em interrogatório. Mas a principal,
mesmo sabendo, ainda não lhe foi perguntada. Malemal chegou! E seus lábios, já
estão secos.
— Não precisa me chamar
de irmão, Rafael. Já lhe disse isso muito, muito antes, que sou apenas um
ajudante, e somente isso. - enfatizou, mas sem ser louvável.
— Sua lembrança é um dom
divino, Órion. E é isso e digo mais... - se virara e começara a andar na
direção do altar de tronos em passos largos como se alguém estivesse lá,
sentado no lugar mais alto. — É por ela e por outras, que você está aqui, meu
irmãozinho.
— Já disse para não me
chamar assim, divino celeste. - nos pensamentos do Rei Caído, o arcanjo
virava-se novamente para o elohim estático no centro deste tal proeminente
auditório, novamente atônito.
O Patrono dos ofanins, retornava com as taças nas mãos cheias de liquido
bordô. — Aceita uma taça de vinho? É agraciado pelo próprio Dionisio. -
experimentou e ofereceu. — Tome. estendeu — É divino como nos anos
daquela época maravilhosa, onde os humanos veneravam esse patrono ancestral. -
de perto se via uma semelhança entre eles.
Órion, nulo perante o ser soberbo aceitou, mas mesmo de lábios secos não
provou. Ao contrário de Rafael que no mesmo instante, tomara mais alguns goles.
— Não gosta deste vinho, Órion? Ou será melhor de outra data? -
questionou a retrocedência em questão.
— Não, divino arcanjo. Não há como negar, mas as perguntas são
inevitáveis. Eu...
— Não precisa responder, nem mesmo perguntar. - interveio. — Eu lhe peço
desculpas, nobre e único Rei de outrora existente. - enfatizando nas últimas
palavras no qual gosta. — Devo é claro, fazer alguns esclarecimentos é obvio. -
Andou para o lado e um pedestal brotara inevitavelmente ao lado de um pilar
arredondado em estrias ovais acinzentadas. A taça e a jarra iriam cair e se
espatifar no piso, numa cena lastimável se não estivesse sido - do nada! - materializada.
O arcanjo voltara para continuar.
— Por causa do selo, Órion. Por causa dele que você pisa aqui. E é por
causa disto, eu nem preciso perguntar o que você, meu caro irmãozinho. - a
pausa foi reflexiva — Ainda vaga em lembranças deploráveis, não é mesmo? - seu
som e semblante ficaram leves e obstinados que a vibração fosse e chegasse aos
ouvidos do elohim atônito. Ou era o acústico da localidade?
— Até agora nada, divino arcanjo. Este livro nunca foi meu. E nunca mais
foi visto por nem sequer uma aura pulsante. Devo reconhecer que, nada há
disso...-– suas questões não podiam ser mais evitadas. — Eu, devo perguntar,
divino arcanjo. Mas como? Cadê os outros divinos celestes? Imagino eu sendo
visto por eles, bem aqui.
— Tenha um pingo de serenidade, Órion. - vendo a estática figura
incompreensível, ele não pôde conter. Um trono rastejava em pedras retalhadas,
num ruído peculiar de pedra sobre pedra, vagarosamente chegava até o atlante
para logo ele se sentar.
— Sente-se, meu caro irmãozinho. - demonstrou uma palma da mão. Seria
outra graciosidade para os olhos profundos do elohim? Em sua pele morena e a
pouca barba rala, os leves e negros fios de cabelo, agora, situava-se sentado,
ainda segurando a taça com vinho bordô intocável, e seus lábios, ainda
persistiam secos.
— Como você e os demais sabem, e vocês devem saber muito, como são
amados aqueles meus irmãos. Sempre cuidando de suas hordas, além do mais,
sempre estão. - deu a pausa soberba indo novamente em direção aos tronos
sabendo da aflição do Rei Caído, que agora era inevitável não notar. — O Livro,
Órion!. - os passos voltaram. — Já que não sabes muito bem, Nathanael vai ser o
seu guia, já que são como, coirmãos. E vocês dois, irão encontrá-lo e antes que
você me pergunte. - o arcanjo tinha feito o sinal com uma das mãos. — Estamos
num tempo fabuloso para desbravar, não acha?
— Sim. Mas... - mudou a trajetória da resposta — Há tantas ilhas
artificiais e flutuantes, eles voam até a lua em incontáveis vezes e não há
como saber por onde começar a procurar. - Órion estava perdido. Ou menos
transmitia isso.
— Não se preocupe meu caro irmãozinho. Como eu disse. Nathanael vai lhe
ajudar. E agora, pode ir, antes que meus irmãos decidam vir até aqui, sem ao
menos der tempo para uma retirada. - o atlante se ergueu e Rafael se aproximou.
— Deixe comigo a taça, meu irmãozinho, já que nem sequer se agraciou dela, e
que Deus lhe ilumine, único Rei. - o som novamente era ambicioso e alegremente
diferente com certo tom de malícia, que até poderia ser sentido naqueles lindos
olhos vibrantes.
O atlante não sabia se despedir e ia para a saída - ao mesmo tempo
entrada - sendo acompanhado pelos olhos do Quinto arcanjo que segurava a taça
antes sua, até lhe fazer um sinal de veneração quando se virou para a última
contemplada. Órion lhe retribuiu com o mesmo sinal para o divino celeste, que
aos poucos, a saída foi se iluminando e a escadaria íngreme, surgira de repente
aos seus pés.
Os passos de metal, lentamente se aproximavam, até parar ao lado da Cura
de Deus e a voz, soou sublime.
— Tem certeza que vai dar certo, irmão? - perguntou a voz sublime no
emanar de mesma potência de aura do Quinto arcanjo. Ali, só eles, os cincos
arcanjos, podem sentir a presença de qualquer emanação interna e externa. É
prescrito por Yahweh.
— Nunca duvidei de Órion em toda a existência, Gabriel. - respondeu com
os olhos ainda compenetrados, com todo o parlatório antes feito.
O Anjo da Revelação vestido a sua túnica longa e cinzenta, com toda a
armadura, mas sem o elmo, em seu ser de presença magnânima, não deixou de
perguntar o que os seus olhos claros, porém reluzindo em fogo, de um estado
sereno não conseguia evitar.
— Seu estado em que se comporta meu irmão, como uma espécie humana,
aliás, sua aura e o corpo humano que adotaste, chega a ser irritante sabia? -
ele retrucara o irmão cruzando os braços, a voltar a fitar na mesma direção em
que ele mirava.
O sorriso do canto de boca do Quinto arcanjo, só foi coberto pelo gole
de vinho tomado ao se lembrar como conseguiu ser, o que agora nunca e nem
ninguém, podiam ver e perceber neste divino celeste, como ele sempre fora: o
Patrono dos ofanins,
Há sete tronos divinos, e a existência, sempre brilha.
Continua...
Cara contos e textos são sempre bem vindos ^^, eu e meu amigo tinhamos um projeto parecido com o seu agora temos um blog de cultura geral no Wordpress, quando puder dar uma visitada e tals ^^ Muito bom teu post ^^. @Rueles do http://eeek3.wordpress.com ^^
ResponderExcluirEaí Lucas blza? Obrigado por Ler. Já ta nas pastas dos favoritos o teu blog - http://eeek3.wordpress.com - Té +
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